Sílvia Sobral Costa - Dissertação


RESUMO: O arroz de terras altas apresenta uma queda severa de produção quando em monocultivo, fenômeno atribuído pelos agricultores à “terra cansada”. As causas deste declínio de produção podem ser variadas (redução da fertilidade, doenças, pragas, redução nos teores de matéria orgânica, etc.), mas o componente mais importante tem sido apontado pela literatura como reações alelopáticas do arroz, em especial à autotoxidez. O pouco conhecimento técnico deste fenômeno no pais tem levado os agricultores a prejuízos sistemáticos, pelo plantio do arroz sucessivamente na mesma arca por mais ciclos que o conveniente, ou pelo retomo da cultura à mesma área sem descansá-la o suficiente. Por outro lado, ainda é comum, especialmente na região norte do país, o sistema de cultivo com derrubada e queima da biomassa nativa, para contornar a situação da terra cansada, procedimento este não autosustentado e agressor ao meio ambiente. Este trabalho tem como objetivo avaliar um grupo representativo do germoplasma brasileiro do arroz japônica tropical em relação à sua tolerância aos efeitos do monocultivo, e avaliar a possibilidade de minimização deste problema via melhoramento genético. O ensaio experimental foi instalado em três áreas com diferentes históricos de cultivo: a) Sistema 1 - primeiro ano de arroz após quatro de milho; b) Sistema 2 - segundo ano de arroz após três de milho; c) Sistema 3 - quarto ano de arroz após um de milho. Foram utilizadas 95 variedades/linhagens de arroz japônica tropical, divididas em três grupos: 1. Grupo 1 - Variedades comerciais; 2. Grupo 2 -Variedades tradicionais; 3. Grupo 3 - linhagens. As diferenças entre os sistemas foram altamente significativas com unia redução de 43% na produção devido ao monocultivo na condição mais severa (sistema 3). As variedades comerciais produziram, na média, tanto quanto as linhagens, porém 47,3 4% e 32,88% a mais que as tradicionais nos sistemas 1 e 3, respectivamente. O monocultivo (sistema 3) alongou o ciclo das plantas em uma semana e reduziu sua altura significativamente em 11 cm. As diferenças observadas entre e dentro de grupos bem como suas interações com os sistemas demonstram haver variabilidade genética e que os genótipos não reagem ao monocultivo de maneira semelhante. Com a herdabilidade média entre os grupos de 0.67 e uma intensidade de seleção de 30% foi possível estimar ganhos médios de 24.45% entre os genótipos no sistema de monocultivo. Esses parâmetros genéticos demonstram a possibilidade de se poder, através do melhoramento genético, obter variedades com melhor desempenho nas condições de monocultivo.