Mara Rúbia da Rocha - Tese


RESUMO:    O nematóide de cisto da soja (Heterodera glycines Ichinohe, 1952), desde que foi detectado no Brasil, na safra 9 1/92, tem sido um dos principais problemas da cultura da soja. Hoje encontra-se disseminado por 66 municípios nos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná. Dentre as medidas que devem ser adotadas para o controle desse nematóide, está o manejo adequado do solo, o que significa mantê-lo com boa fertilidade, altos teores de matéria orgânica, saturação de bases compatível com a região e distribuição adequada do calcário no perfil do solo. Considerando-se estes aspectos, o presente trabalho teve como objetivo, estudar o efeito de alguns fatores edáficos, tais como textura, calagem e adubação do solo, sobre populações de H. glycines. Experimentos foram conduzidos sob condições de estufa de produção com o objetivo de avaliar o efeito da calagem do solo, sobre a população de H. glycines, testando-se doses de calcário, variando de O a 4.05 tlha; avaliar o efeito da textura do solo, sobre a população de H. glycines, comparando-se solos com diferentes teores de argila (15%,24%; 49% e 64%); avaliar o efeito da calagem e da adubação potássica sobre a população de H. glycines, testando-se doses crescentes de cloreto de potássio (0 a 120 kg de K2OIha) e aplicação de calcário na dose recomendada. No município de Cbapadão do Céu-GO, conduziu-se experimento com o objetivo de avaliar o efeito da adubação com potássio e manganês sobre a população de H. glycines. Os tratamentos foram compostos de três níveis de adubação com cloreto de potássio (0, 50 e 100 kg de K2O/ha) e dois de sulfato de manganês (0 e 5 kg de Mn/ha) avaliando-se em três épocas distintas, Os experimentos foram conduzidos de fevereiro/96 a junho/97. No campo foi identificada área naturalmente infestada por H. glycines, pela localização de reboleira de plantas com sintomas, onde foi instalado o experimento. Sob estufa de produção os experimentos foram inoculados artificialmente e as temperaturas máximas variaram de 34 a 440C, as mínimas de 10 a 210C e do substrato dos vasos de 22 a 360C. Conclui-se que: 1) solos de classe texturais intermediárias como franco-argilo­-arenoso e argiloso, com teores de argila variando de 22 a 48%, foram mais favoráveis ao desenvolvimento de H. glycines; 2) os efeitos da calagem não mostraram tendências definidas, com discrepâncias tanto entre experimentos quanto entre variáveis e estádios fenológicos; 3) doses crescentes de cloreto de potássio, até os níveis aproximados de 106 e 90 kg de K20/ha, reduziram o número de fêmeas nas raízes e de cistos viáveis no substrato, respectivamente. Além desses limites, a população aumentou; 4) o número de cistos não viáveis no solo sempre foi maior no final do ciclo das plantas, refletindo seu efeito acumulativo, próprio de estruturas de resistência; 5) a fecundidade de H. glycines, expressa pelo número médio de ovos/cistos viável, apresentou tendência de redução no final do ciclo da cultura; 6) em experimento conduzido no campo, observou-se que doses crescentes de K2O provocaram aumento da população de cistos viáveis no período desde a instalação do experimento até o final do ciclo da soja.