Eli Regina Barboza de Sousa - Dissertação
RESUMO: A ocupação da região dos cerrados pela agropecuária implicou na remoção da sua vegetação nativa, sem o conhecimento necessário do comportamento da maioria das espécies. Para verificar o comportamento, em condições de cultivo, da cagaita (Eugenia dysenterica DC), que é uma frutífera do cerrado com potencial econômico, foram realizados três experimentos. Neste trabalho avaliaram-se a emergência, o crescimento inicial e a sobrevivência da cagaiteira propagada por sementes e submetida a diferentes composições e volumes de substratos, visando a obtenção de porta-enxertos. No primeiro experimento foram testadas diversas composições de substratos, avaliando-se o crescimento das mudas a cada 30 dias, durante um ano. Para isto, foram coletados solos nos municípios de Catalão e Leopoldo de Bulhões, Estado de Goiás, os quais foram misturados a condicionadores pan a composição dos substratos. O delineamento experimental adotado foi o de blocos completos casualizados, em esquema fatorial 5 x 2 x 2, sendo cinco diferentes composições de substrato {solo, solo + areia (1:1), solo + terriço de mata (1:1), solo + casca de arroz queimada (4:1), solo + areia + terriço de mata + casca de arroz queimada (2:1:1:l)}, com dois tipos de solo (solo com e sem ocorrência natural de cagaita), com e sem adubação química, utilizando-se cinco repetições e seis plantas por parcela. Foram realizadas avaliações de emergência, altura de plantas, diâmetro ao nível do colo, massa de matéria fresca e seca da parte aérea e do sistema radicular. Verificou-se que a emergência de plântulas de cagaiteira foi bastante desuniforme. com início aos 16 dias estendendo-se até aos 103 dias. Dentre os substratos testados, o melhor foi a composição solo + terriço de mata com a adição de adubação química, pois promoveu maior crescimento em massa, altura e diâmetro das mudas. Aos 360 dias após a semeadura, as plantas de cagaita atingiram, em média, um diâmetro de 0,335 cm, não sendo considerado um diâmetro adequado para a enxertia por garfagem. No segundo experimento, foram testadas três capacidades volumétricas de tubetes (50cm3, 120 cm3, e 228 cm3) e três tipos de substratos {solo + terriço de mata + vermiculita (1:1:2); solo + terriço de mata + vermiculita (1:1:2) + adubo químico (Termofosfato Yoorin lg/L de substrato) e composto orgânico industrial Plantmax}, na produção de mudas de cagaiteira. O delineamento experimental adotado foi em blocos ao acaso com parcelas subdivididas, utilizando-se 8 repetições e 16 tubetes por parcela. A composição solo + terriço de mata + vermiculita mostrou ser um bom substrato para o crescimento de mudas de cagaiteiras, sendo que esta espécie apresentou boa resposta à adição de adubo químico, até certo limite. Para a produção de massa de matéria fresca e seca da parte aérea e do sistema radicular, este substrato também se mostrou viável, embora as plantas, aos 160 dias, não apresentassem diâmetro ideal para a realização da enxertia por garfagem. Os tubetes com maiores capacidades volumétricas propiciaram maior crescimento às plantas. No terceiro experimento, mudas de cagaita (E. dysenterica DC) provenientes de tubetes com diferentes volumes (50 cm3, 120 cm3 e 228 cm3) e três tipos de substratos {solo + terriço de mata + vermiculita (1:1:2); solo + terriço de mata + vermiculita (1:1:2) + lg/L de Termofosfato Yoorin; e substrato comercial Plantmax}, foram plantadas no campo e avaliadas quanto ao crescimento em altura e diâmetro e percentagem de sobrevivência, O delineamento adotado foi o de blocos completos casualizados, em esquema fatorial 3 x 3, utilizando-se cinco repetições e cinco plantas por parcela. Verificou-se que as mudas produzidas a partir do substrato solo + terriço de mata + vermiculita, com e sem adubação química, tiveram maior crescimento em altura e diâmetro, em todas as épocas de avaliação. As mudas obtidas em tubetes contendo diferentes tipos e volumes de substrato apresentaram taxas de sobrevivência entre 76% e 100%, aos 540 dias após o plantio no campo. O crescimento em altura e em diâmetro foi lento, com paralização nos meses mais secos do ano, atingindo altura e diâmetro médios de 46,267 cm e 0,637 cm, respectivamente, aos 540 dias. Esse diâmetro pode ser considerado favorável para a realização da enxertia por garfagem. |