Rossana Serrato de Mendonça Silva - Dissertação


RESUMO: A exploração agropecuária desenvolvida nos cerrados, durante as últimas décadas, teve como conseqüência, além do desenvolvimento sócio-econômico desta região, a remoção da vegetação nativa através dos desmatamentos realizados, em sua maioria, sem planejamento e fiscalização. Várias espécies frutíferas vêm sofrendo perda considerável de variabilidade, sem estudos prévios de suas potencialidades econômicas. Dentre as espécies frutíferas de cerrado destaca-se a cagaita, cujos frutos podem ser consumidos in natura ou processados, suas folhas e casca apresentam propriedades medicinais e a madeira é utilizada em pequenas construções e extração de carvão. Objetivou-se neste trabalho, obter informações sobre a variabilidade da espécie Eugenia dysenterica DC através da amostragem da população de plantas existentes no Sudeste de Goiás. Para tanto. 10 áreas foram selecionadas, das quais coletaram-se amostras de solo e folhas com vistas a caracterizar química e fisicamente os solos e quantificar a retirada de elementos do solo pelas plantas. Dados de 95 plantas matrizes das 10 sub-populações foram coletadas visando a descrição morfológica das mesmas. Para a caracterização física de frutos, foram coletados 1344 frutos de 112 plantas das 10 sub-populações. A população de cagaita foi também estudada através da avaliação de progênies de 112 plantas matrizes. Parâmetros estatístico-genéticos foram estimados a partir dos resultados das análises de variância e os coeficientes de correlação foram calculados a partir das médias das matrizes ou progênies. Os resultados obtidos mostraram que a espécie Eugenia dysenterica DC é típica de solos com baixa fertilidade natural e que a variação da quantidade de elementos nos solos não provoca alteração nos teores foliares dos mesmos elementos. Através da análise de variância dos caracteres de fruto constatou-se para todas elas, variação significativa ao nível de 1% de probabilidade entre as 112 matrizes, assim com entre matrizes dentro de sub-população e entre as médias de sub-populações. As avaliações relativas à emergência inicial de plântulas realizadas nas progênies mostraram. respectivamente, média de velocidade e percentagem de emergência de 40,47 dias e 89,57%. O crescimento médio das plântulas dos 30 dias até os 250 dias foi de 2,48 cm, observando-se, portanto, que o desenvolvimento inicial da espécie é lento. Através da análise de variância dos caracteres de progênie, notou-se que a variação foi significativa a 1% de probabilidade entre as progênies dentro de sub-população e entre as médias de sub-populações, para todas as variáveis estudadas. Verificou-se que a proporção da variabilidade entre médias de sub-populações apresentou valores elevados, sugerindo que a população da cagaita do sudeste de Goiás apresenta-se estruturada geneticamente. com restrição ao fluxo gênico entre populações.