Marivone Moreira dos Santos - Tese


RESUMO:    Este estudo teve duas preocupações básicas: o alto consumo de agrotóxicos na produção de tomate de mesa e seus efeitos sobre o homem e o ambiente, na região de Goianápolis, Os objetivos específicos da pesquisa foram: identificar as tecnologias usadas, a composição dos custos, a rentabilidade desta atividade e os canais de comercialização da produção do tomate de mesa. A metodologia usada constou do acompanhamento da safra dos produtores, no período de setembro de 1999 a junho de 2000, por meio de um questionário aplicado a cada produtor visitado periodicamente. Com esses dados foram identificadas as tecnologias usadas, calculados os custos e a rentabilidade da produção e identificados os canais de comercialização do tomate de mesa. Além disso foram ajustados dois modelos de regressão linear múltipla, para analisar as variáveis que afetam as rendas bruta e líquida dos produtores de tomate. Os resultados mostraram que, dentre os 29 defensivos utilizados, sete são classificados como altamente perigosos e quatro muito perigosos; oito são perigosos e apenas dez pertencem à classe dos pouco perigosos à saúde humana e ao ambiente. Os produtores pulverizaram suas culturas, em média, três vezes por semana. As embalagens de defensivos, tiveram três destinos: foram enterradas, queimadas ou destinadas ao aterro sanitário da prefeitura. As condições de manejo da cultura, observadas durante as visitas, mostram evidências de sérios riscos de contaminação dos trabalhadores e do ambiente devido ao uso intenso dos defensivos. A assistência técnica recebida pelos produtores de tomate de Goianápolis foi de agrônomos das casas que fornecem adubos e defensivos agrícolas e da Agência Rural. As análises estatísticas mostraram não haver diferença significativa nos resultados econômicos entre os dois grupos de produtores estudados. O primeiro grupo formado pelos produtores que alugam as terras que cultivam, compraram sementes e pagaram para fizer as mudas, usam mão-de-obra assalariada e de meeiros. E o segundo, por aqueles que usam terras próprias, compraram mudas prontas e usam mão-de-obra familiar e de meeiros. As cultivares mais utilizadas apresentam a característica Longa Vida (Raisa, Carmem, Cronos, Diana e Seco), seguida do tipo Santa Cruz: (Jumbo e Santa Clara) e salada (Ogata Fukuju). A produtividade e os custos de produção entre as cultivares com a característica Longa Vida e do tipo Santa Cruz não apresentaram diferenças estatisticamente significativas. A produtividade média das cultivares do tipo Longa Vida foi de 174 cx/mil pés e as cultivares do tipo Santa Cruz foi de 130 ex/mil pés. Os custos de produção das cultivares Longa Vida foram mais baixos que das cultivares do tipo Santa Cruz. A produtividade média dos produtores foi de 167 ex/mil pés ou 56,98 t/ha. As variáveis que mais contribuíram na composição do custo total foram: a mão-de-obra (20,74%), fertilizantes (19,11%), defensivos (26,84%), sementes e mudas (8,66%), material de consumo (1,35%), e juros de financiamento (6,37%). Os gastos com fertilizantes e mão-de-obra tiveram influência significativa na renda bruta dos produtores, segundo modelo da análise de regressão linear múltipla. A mão-de-obra e os investimentos em maquinaria, equipamentos de irrigação e veículos são variáveis importantes na explicação da rentabilidade da atividade. A comercialização é feita nas CEASAs de Goiânia e Anápolis e diretamente nas culturas, a compradores de vários estados. Os produtores não têm garantias na comercialização do tomate vendido a outros estados. O pagamento é feito com cheque pré-datado, em confiança na honestidade do comprador. Não são raros os casos que provam o contrário e os produtores arcam com os prejuízos.