Sheila Andrade Botelho Mozena Leandro - Dissertação
RESUMO: O patógeno Rhizoctonia solani é um fungo do solo cosmopolita, altamente destrutivo e com vasto número de hospedeiros, que causa importantes doenças na maioria das plantas cultivadas em todo o mundo. É uma espécie complexa que possui muitos biótipos, diferindo quanto à patogenicidade, hospedeiros, distribuição na natureza e aparência em meio de cultura. A cultura do feijoeiro é suscetível a este patógeno a partir da germinação, entretanto, a suscetibilidade é inversamente proporcional ao desenvolvimento da planta. A atividade microbiana de alguns solos pode prevenir o estabelecimento de fungos fitopatogênicos ou inibir sua patogenicidade. Solos com esta propriedade são denominados antagônicos, de longa vida, resistentes ou supressivos. O primeiro trabalho teve como objetivo avaliar os níveis de supressividade natural à R.. solani de alguns solos da região Centro-Oeste, com diferentes históricos de uso. Os solos foram coletados nos municípios de Itumbiara, Silvânia. Jussara e Santa Helena de Goiás, no Estado de Goiás, sendo classificados como: Latossolo Roxo, Latossolo Vermelho-Amarelo, Solo Arenoso e Latossolo Vermelho Escuro. Cada solo foi coletado em três áreas contíguas com os seguintes históricos de uso: a) solo cultivado com feijão irrigado com pivô, por mais de quatro anos consecutivos; b) solo sob vegetação nativa natural e, c) solo sob pastagem de Brachiaria decumbens. Os solos foram coletados na camada de 0-20 cm e armazenados em casa-devegetação. Para a inoculação dos solos foram utilizados grãos de sorgo, inoculados com Rhizoctonia solani e triturados. Foram utilizadas seis densidades de inóculo: 0, 100, 500, 1.000, 5.000 e 10.000 propágulos/g de solo, O experimento foi um fator disposto em um delineamento de blocos completos casualizados, com quatro repetições. A unidade experimental foi constituída de bandejas plásticas com 4 kg de solo e 40 plantas. Quinze dias após a emergência as plantas foram arrancadas e foi calculado o índice de Mckinney. A análise de variância apresentou interação tripla significativa e os graus de liberdade foram desdobrados em análises de regressão entre as doses de inóculo e o índice de doença em porcentagem, numa equação exponencial. Nas regiões de Itumbiara e Silvânia o índice de doença progrediu com o aumento do número de propágulos por grama de solo, atingindo valores superiores a 70%. Porém, para ambas as regiões não houve diferenças significativas entre os solos de mata, pastagem e feijão. Por outro lado, nos solos de Jussara e Santa Helena apesar do incremento do índice de doença com o aumento da dose de inóculo para todos os históricos, os solos de mata e de pastagem apresentaram índice de doença semelhante em todas as doses de inóculo. Na área de feijão irrigado, os incrementos no índice de doenças foram menores, não ultrapassando a 60% nas áreas cultivadas com feijão irrigado. O segundo trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da incorporação de diferentes restos vegetais na incidência de podridão radicular, causado por Rhizoctonia solani. Em casa-de-vegotação, foram utiIizadas bandejas plásticas contendo 4 kg de soIo cuItivado e inoculado, ao qual foi incorporado o equivalente a 10 t/ha (20 cm de profundidade) de matéria seca das seguintes origens: milheto (Panicum miliaceum); sorgo (Sorghum maximum); lab-Iab (Dolichos lab-lab); feijão-de-porco (Canavaria ensiformis); braquiarão (Braquiaria brizanta); capim Tanzânia (Panicum maximum) e crotalária (Crotalaria juncea). A inoculação e incorporação dos resíduos vegetais foram simuItâneos, sendo a seguir, o solo das bandejas mantidos próximos à capacidade de campo por 60, 30 e 0 dias, até o plantio da cultivar Pérola. A avaliação da intensidade de sintomas foi realizada 15 dias após a emergência utilizando uma escala descritiva de 1-9. A população microbiana foi avaliada a partir das amostras de solo coletadas em bandejas após o arranquio das plantas. Para tanto, foi realizada uma diluição decimal em série e o plaqueamento em meios de culturas seletivos. A contagem das colônias de bactérias e fungos foi realizada após sete dias e a actinomicetos após dez dias de incubação. Os resultados obtidos mostraram que apenas o solo com material vegetal incubado durante 60 dias reduziu o índice de doença, não mostrando contudo diferença significativa entre as espécies vegetais estudadas. Relacionando-se o número de propágulos de fungos, actinomicetos e bactérias com o índice de doença verificou-se que as coberturas que apresentaram maiores populações de microrganismos no solo foram as que apresentaram menor índice de doença. |