Gesimária Ribeiro Costa - Dissertação


RESUMO: Com o aumento da área irrigada, a cultura do feijoeiro vem ocupando um lugar de destaque como uma das principais opções para o plantio de inverno no Brasil Central. Entretanto, a incidência e a severidade do mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum (Lib.) de Bary tem aumentado devido às condições de ambiente serem favoráveis ao desenvolvimento da doença, podendo comprometer totalmente a produção, caso esta não seja controlada eficientemente. Neste estudo foram conduzidos ensaios em laboratórios e em casa-de-vegetação, objetivando verificar a ação de fungicidas em diferentes tipos de inóculo de S. sclerotiorum. A fim de contribuir no controle do mofo do feijoeiro foram identificadas características desejáveis dos fungicidas benomyl (Benlate 500), procymidone (Sumilex 500 PM), tiofanato metílico (Cercobin), iprodione (Rovral SC), vinclozolin (Ronilan PM) e fluazinam (Frowncide 500 SC), tais como, doses, capacidade de penetrar e de translocar-se dentro das plantas, efeito protetivo e curativo. Além de verificar a influencia de diferentes substratos e solo na formação carpogênica de escleródios de Sclerotinía sclerotiorum. Para isto desenvolveram-se cinco linhas de pesquisa: 1) Com o objetivo de encontrar um substrato que fornecesse uma quantidade suficiente de escleródios e um solo que permitisse uma germinação viável dos mesmos, utilizou-se os substratos arroz em casca e cenoura para produção dos escleródios e duas amostras de solo do Latossolo Vermelho Escuro: uma cultivada sob condições de pivô central e outra não cultivada. Observou-se que ambos substratos foram eficientes para produção dos escleródios, entretanto, os escleródios produzidos em substrato de arroz em casca originaram maior número de apotécios quando enterrados nos solos. Houve influência do tipo de solo na germinação carpogênica dos escleródios. O solo não cultivado apresentou características supressivas evidenciadas pelo retardamento do aparecimento de estirpes e apotécios formados, em relação ao solo cultivado; 2) os flingicidas benomyl, procymidone, iprodione, vinclozolin, fluazinam e tiofanato metílico foram usados para verificar seus efeitos na germinação carpogênica e miceliogênica de escleródios de Sclerotinia sclerotiorum em solo. Na germinação carpogênica os fungicidas fluazinam e benomyl foram os que apresentaram a menor eficiência de inibição na formação de estirpes, inferior a 20%, enquanto os fungicidas tiofanato metílico e procymidone apresentaram eficiência superior a 60%. Os fungicidas vinclozolin e iprodione foram os mais eficientes, apresentando eficiência de inibição na formação de estirpes, superior a 85%. Na formação de apotécios, o fungicida tiofanato metílico foi o que apresentou a menor eficiência de inibição, seguido do fungicida benomyl. Os fungicidas iprodione e procymidone apresentaram eficiência na inibição da formação de apotécios variando de 85 a 95%. Os fungicidas vinclozolin e fluazinam apresentam 100% de eficiência. Na germinação miceliogênica dos cscleródios, observou-se que após 15 dias de incubação dos escleródios no solo, o fungicida tiofanato metílico foi o mais eficiente na inibição miceliogênica, apresentando 75% de eficiência, seguido dos fungicidas procymidone e vinclozolin, que apresentaram em média 60% de eficiência. Os fungicidas benomyl, fluazinam e iprodione foram os menos eficientes na inibição da germinação miceliogênica dos escleródios, não diferindo estatisticamente do controle. Após 30 dias de incubação dos escleródios no solo apenas o fungicida benomyl não diferiu estatisticamente do controle. Os demais fungicidas não diferiram entre si, porém diferiram do benomyl e da testemunha; 3) determinou-se a eficiência dos fungicidas benomyl, procymidone, iprodione, vinclozolin, fluazinam e tiofanato metílico na sobrevivência carpogênica de escleródios de Scleriotinia sclerotiorum. Os fungicidas foram usados em dosagens que correspondem a 1 kg ou L de produto comercial por hectare. O solo foi esterilizado em estufa a 1020C, distribuído em caixas de gerbox e artificialmente inoculado com escleródios de Sclerotinia sclerotiorum. Os resultados sugerem que os apotécios são mais sensíveis aos fungicidas que as estirpes, podendo os mesmos estarem influenciando na redução da densidade do inóculo, contribuindo para um eficiente controle da doença; 4) ensaios foram conduzidos em casa-de-vegetação e em laboratório para verificar a translocação dos fungicidas procymidone, tiofanato metílico e benomyl, na dose de 1 kg ou L de p.c./ha, para controle do mofo branco do feijoeiro. Foram utilizadas plântulas (15 dias após a semeadura) e plantas adultas (30 dias após a semeadura) do cultivar Jalo Precoce. Os fungicidas foram aplicados na parte aérea do feijoeiro com auxilio de um pulverizador DeVilbiss e, posteriormente, as plântulas e plantas adultas foram inoculadas com discos de BDA contendo micélio do fungo Sclerotinia sclerotiorum, para averiguar translocação basipetal, acropetal e lateral. Os resultados indicam que tanto em plântulas como em plantas adultas houve translocação acropetal e lateral de todos os fungicidas, evidenciados pela redução do tamanho das lesões em folhas não tratadas com fungicidas e inoculadas, quando comparadas com a testemunha. Houve maior translocação acropetal do que lateral e não ocorreu translocação basipetal significativa em plántulas e plantas adultas. O bioensaio in vitro demonstrou que o efeito dos resíduos dos fungicidas extraídos das folhas sobre a inibição do crescimento micelial do fungo foi positivo, entretanto a quantidade de resíduos encontrada não foi suficiente para proteger as plantas. Este bioensaio in vitro foi eficiente para comprovar a sistemicidade dos fungicidas. Os resultados deste trabalho sugerem que os fungicidas, além de serem sistêmicos, estão atuando eficientemente como protetores no controle do mofo branco do feijoeiro; 5) os fungicidas benomyl, procymidone, iprodione, vinclozolin, fluazinam e tiofanato metílico nas doses 0,5; 0,7; 0,9 e 1,0 kg ou L de p.c./ha para o controle do mofo branco do feijoeiro foram aplicados com o auxílio de um pulverizador DeVilbiss, 24 horas antes e 24 horas depois das inoculações das plantas, para estudo do efeito preventivo e curativo, respectivamente. As inoculações constituíram da deposição de um disco de BDA contendo micélio do fungo, no centro das folhas. Os valores de área sob a curva de progresso da doença, indicam que todos os fungicidas tiveram efeito sobre Sclerotinia sclerotiorum, tanto preventivo quanto curativo, resultando em menor tamanho das lesões quando comparadas com a testemunha. Observou-se também que o efeito preventivo foi maior que o curativo, para todos os tratamentos. Ficou evidenciada a eficiência do uso de doses mais baixas de produtos como 0,5; 0,7 e 0,9 kg ou L de p.c./ha, no controle do mofo branco do feijoeiro quando forem aplicados preventivamente.