Izabel Faria da Rocha - Dissertação
RESUMO: A guarirobeira [Syagrus oleracea (Mart.) Becc.] é uma espécie vegetal pertencente à família Arecaceae (Palmae), nativa da região dos cerrados, conhecida também por gueroba ou gueiroba. Esta espécie produz um palmito amargo, bastante utilizado na culinária típica goiana e mineira. O crescente consumo deste palmito no Estado de Goiás e a possibilidade de expansão para outras regiões têm estimulado a sua produção comercial, com vistas a reduzir o extrativismo. Além desta utilização, as plantas de guarirobeira podem ser encontradas ornamentando canteiros centrais, praças, parques e até mesmo jardins residenciais da capital goiana e de cidades do interior. A propagação da guarirobeira ocorre por meio de sementes, a qual possui alguns problemas que devem ser solucionados, principalmente quanto ao baixo poder germinativo, longo tempo para germinação e desuniformidade do crescimento das plantas. Com o objetivo de avaliar a conservação de sementes de guarirobeira, foram testados quatro períodos de armazenamento (30, 60, 90 e 120 dias) em duas diferentes temperaturas (16ºC e 27ºC), onde se utilizaram frutos recém-colhidos e despolpados. O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado em esquema fatorial 4 x 2 + 1 testemunha, com quatro repetições e 20 sementes por parcela. Determinou-se o teor de umidade antes e após o armazenamento das sementes. A semeadura foi em bandejas com vermiculita, acondicionadas em germinador com temperatura de 27ºC e umidade relativa de 97%. Semanalmente foram coletados dados referentes à emergência até os 150 dias, comprimento da folha primária e comprimento da maior raiz aos 60 dias após a emergência, e germinação botânica até 210 dias após a semeadura. Verificou-se que as sementes podem ser armazenadas por até 90 dias sob temperaturas de 16ºC e 27ºC. A emergência teve início aos 58 dias e, aos 210 dias ainda se observaram sementes dormentes. A taxa de germinação foi maior (52,50%) quando o armazenamento foi por 90 dias e o crescimento da folha primária foi reduzido indicando menor vigor. A redução do teor de umidade das sementes para valores próximos a 10% não prejudicou a qualidade das mesmas, indicando que estas não são recalcitrantes, cujos dados estão apresentados no capítulo I. Técnicas de escarificação e de embebição sobre o comportamento das sementes, quanto à germinação e vigor, foram também investigado. O trabalho foi realizado de forma semelhante ao anterior quanto à coleta, preparo das sementes, número de parcelas, número de repetições e avaliações. Usou-se o delineamento inteiramente ao acaso cujos tratamentos foram arranjados em um fatorial 5 x 2, sendo períodos de embebição (0, 24, 45, 96 e 144 horas) x escarificação ou não do endocarpo. Verificou-se que a realização da escarificação foi prejudicial à germinação e emergência das plântulas, ocorrendo deterioração total quando as sementes permaneceram mais de 24 horas em embebição. Maiores valores de emergência, germinação, comprimento da folha primária e comprimento da maior raiz foram obtidos para sementes não escarificadas e submetidas à embebição por 24 a 96 horas, os dados estão apresentados no capítulo II. E, finalmente, foi realizado para verificar a presença de inibidores de germinação presentes nas sementes e em partes do fruto de guarirobeira, bem como o tempo necessário para lavagem destes inibidores. Utilizou-se a extração por meio de água e álcool, produzindo soluções que foram utilizadas para embeber o papel germibox, utilizado para semeadura de alface (Lactuca sativa L. cv. Verônica). Outra forma de extração foi por embebição das sementes com e sem endocarpo e o endocarpo sem amêndoa, por 24, 48, 72 e 96 horas, trocando a água a cada 24 horas. Da mesma forma, utilizou-se o bioteste com sementes de alface. Foi detectada a presença de inibidores na polpa, no endocarpo e na amêndoa. A água e o álcool mostraram-se bons extratores para inibidores presentes na polpa e no endocarpo, entretanto a água não foi capaz de extrair possíveis inibidores da amêndoa. As substâncias inibidoras tiveram sua intensidade reduzida com a permanência das sementes em água por 96 horas, com trocas diárias. |