Leonardo José Motta Campos - Dissertação


RESUMO: Dentre as várias culturas utilizadas pela população mundial, o feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris L.) é uma das mais importantes no combate à fome, à miséria e à desnutrição. Para atender a demanda, por alimentos, é de fundamental importância, conhecermos a influência dos fatores externos (ambientais) e internos (endógenos) que afetam o desenvolvimento das plantas, a fim de diminuir a influência negativa destes na produção. A temperatura é um dos fatores de maior influência na produção vegetal, afetando todas as fases de crescimento e vários processos fisiológicos. Raízes e parte aérea coexistem em uma relação mutuamente dependente, entretanto, este "diálogo" entre a parte aérea e a raiz é mais evidente quando um destes sistemas é perturbado. Um estresse ambiental (temperatura do solo por exemplo) pode influenciar outros como, a aeração da raiz e a absorção, provocando mudanças na movimentação de substâncias fisiologicamente ativas entre a raiz e a parte aérea. Portanto, o objetivo deste trabalho foi observar os efeitos da alta temperatura aplicada na raiz, e sua influência no desenvolvimento inicial da cultura do feijoeiro comum, além de observar o papel do hormônio ácido abscísico (ABA) como protetor do estresse. O material vegetal foi o feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris L.), variedade diamante negro. As sementes foram plantadas em bandejas dentro de casa de vegetação, e irrigados com água destilada até as folhas primárias estarem completamente desdobradas. A partir daí, as plantas foram transferidas para frascos de vidro com solução nutritiva de Hoagland, que foram colocados em dois tanques de 100 l. de água, sendo um deles equipado com uma resistência e um termostato, para o controle da temperatura da água dentro do tanque, que foi mantida a 40°C. Após o transplante das plântulas para os tanques, permaneciam 7 dias sob o tratamento de alta temperatura. O efeito do ABA, em quatro concentrações (0, 50, 100 e 200 µmol.m¯³), foi testado pela adição do hormônio à solução nutritiva. Os parâmetros observados foram: conteúdo relativo de água, massa seca da parte aérea e raiz, medidos no final dos sete dias após o tratamento de alta temperatura ou ABA. Área foliar e condutância estomática (medida por porometria às 9:00 e 12:00), obtidos a cada 2 dias após o  tratamento. Os resultados mostraram que o tratamento de alta temperatura, dado ao sistema radicular, reduziu significativamente o crescimento da folha primária, sua condutância estomática e massa seca da parte aérea, quando comparado a plantas cujas raízes foram mantidas à temperatura ambiente. As diferentes concentrações de ABA e o tratamento de  alta temperatura, diminuíram o crescimento de toda a planta. Entretanto, a resposta das  plantas às diferentes concentrações, não foi igual à resposta da planta submetida à alta  temperatura nas suas raízes, indicando que um outro fator, ou fatores, podem estar atuando. Quando o ABA foi fornecido às raízes submetidas à alta temperatura, este hormônio exerceu um papel de proteção, minimizando os efeitos da alta temperatura aplicada a raiz.