José de Souza Reis Filho - Dissertação


RESUMO: Este trabalho procurou identificar as causas do uso intensivo dos agrotóxicos na cultura do tomateiro e, ao mesmo tempo, buscou-se levantar possíveis soluções para reverter a crise atual na tomaticultura. A técnicas de pesquisa qualitativa (entrevistas semi-estruturadas e observação), derivadas da pesquisa sociológica, foram utilizadas para avaliar o uso de agrotóxicos nas regiões de Goianápolis - GO e Paty do Alferes - RJ. Nessas duas regiões foram entrevistados produtores e agrônomos ligados à cultura do tomate. Os resultados mostraram que a principal causa do uso intensivo de agrotóxicos é o medo que os agricultores têm de perder suas lavouras, uma vez que o investimento nessas é muito alto. Para os agricultores, os agrotóxicos representam um seguro contra os prejuízos. Acrescenta-se a esse fator, a falta de opções de controle de pragas e doenças, a resistência dos agricultores em buscar alternativas, a carência de assistência técnica, a falta de união e cooperação entre os produtores e a aceitação inconteste do atual pacote tecnológico químico-genético-mecânico. A experiência com manejo integrado de pragas em Paty do Alferes mostrou que há possibilidade de se reduzir o uso dos agrotóxicos sem comprometer a produção. Mesmo que essa estratégia não tenha resolvido todos os problemas daquela região, constatou-se que, com organização, melhor reordenamento do sistema produtivo e com a presença de agrônomos bem preparados e com um nível razoável de questionamento da situação atual, vislumbra-se um rumo promissor para a atividade. Um programa de manejo integrado de pragas, com desdobramento para um manejo do sistema como um todo, pode ser a âncora para mudanças de atitudes na concepção tecnológica dos produtores. É necessário que seja suscitada a união dos produtores em busca de soluções a curto prazo. Num segundo momento, deve-se buscar implantar os princípios agroecológicos, contemplando uma ação mais abrangente da agricultura.