Maria José de Oliveira de Faria Almeida - Tese
RESUMO: A Varroa jacobsoni é um ectoparasita das abelhas, infestando tanto as crias quanto os adultos. Embora tenha sido descoberto originariamente em Apis cerana, é na espécie A. mellifera que ele apresenta os maiores danos, sendo atualmente considerado um problema para a apicultura mundial. No Brasil foi introduzido em 1972 e em Goiás em meados da década de oitenta. Como os dados sobre esse ácaro nos apiários goianos são escassos, procurou-se neste trabalho fazer um levantamento sobre a ocorrência, infestação e reprodução da V. jacobsoni, além de um estudo sobre o comportamento higiênico da A. mellifera. O trabalho sobre a varroa foi desenvolvido em apiários localizados em 10 municípios goianos no período de outubro/2000 à setembro/2001, coletando-se amostras de aproximadamente 50 cm2 de favos de crias operculados de operárias e zangões além de abelhas adultas. A reprodução e a infestação nas crias foram observadas em ambos os lados do favo. A infestação nas abelhas adultas foi observada coletando-se cem abelhas nutrizes por colméia. O comportamento higiênico foi observado em três dos apiários nos meses de janeiro e fevereiro/2002, adotando-se o método da perfuração das células de cria. O percentual de infestação em abelhas adultas variou de 3,35% a 5,69% e o período de maior infestação foi em fevereiro/2001. Nas crias de operária a infestação variou de 6,66% a 16,03%. Nas crias de zangão o percentual de infestação variou de 19,48% a 65,09%. O número de ácaros por alvéolo foi de 1,01 a 1,46 para as crias de operárias e de 1,20 a 2,68 para as de zangões. O índice de reprodução da varroa em alvéolos de operárias, variou de 0,9361 a 1,2615. Nos alvéolos de zangão o percentual de reprodução foi de 59,25% a 100%. Esses valores são parecidos com os obtidos por pesquisadores em outras regiões do Brasil, o que indica que não há necessidade do uso de acaricidas para o tratamento da varroa em Goiás. O comportamento higiênico da A. mellifera variou de 42,4% a 85,3%. Algumas colmeias que apresentaram altos índices de infestação pela V. jacobsoni apresentaram comportamento higiênico baixo, e outras com índices de infestação baixos, apresentaram comportamento higiênico elevado. Das trinta colônias avaliadas, dez foram consideradas higiênicas e o apiário que apresentou o maior percentual de comportamento higiênico foi o menos infestado pela varroa. Os índices de infestação da varroa obtidos nos dez apiários avaliados indicam a necessidade de um monitoramento constante e efetivo sobre a dinâmica populacional dessa praga em todo o Estado de Goiás, pois além dos prejuízos diretos causados por ela, esse ácaro é um importante vetor de algumas doenças ainda mais danosas às abelhas. |