Nara Fernandes Moura - Dissertação


RESUMO: A mangabeira (Hancornia speciosa Gomez) é uma árvore frutífera pertencente á classe Dicotiledoneae, ordem Gentiales e familia Apocynaceae. E uma planta tipicamente tropical, que possui grande potencial para exploração econômica. Além da exploração dos frutos para consumo in natura ou processados, a espécie possui potencial para produção de látex para fabrico de borracha. A espécie H. speciosa Gomez é encontrada em quase todas as regiões do Brasil, sendo freqüente na região dos cerrados. informações sobre a variabilidade genética das populações existentes nesta região são escassas. Sendo assim, o objetivo do presente estudo foi caracterizar, com base em marcadores moleculares do tipo RAPD, a estrutura genética de oito subpopulações da espécie, situadas em quatro regiões nos Estados de Goiás, da Bahia e de Minas Gerais. No total, 217 indivíduos pertencentes ás oito subpopulações foram genotipados utilizando-se quatro primers de RAPD, resultando em 31 locos polimórficos. A estrutura da variabilidade genética foi avaliada utilizando-se a análise de variância de dados moleculares (AMOVA). O modelo de análise considerou, de forma hierárquica, a variação entre regiões, entre subpopulações dentro de regiões e entre indivíduos dentro de subpopulações. O padrão de distribuição geográfica da variação entre subpopulações foi investigado pelo uso de correlação entre as matrizes de distâncias geográficas e distâncias genéticas. Foi construído, ainda, um dendrograma a partir da matriz de distâncias genéticas entre subpopulações. Análises complementares foram realizadas com o objetivo de relacionar a diversidade genética detectada com marcadores RAPD com a variação fenotípica de caracteres morfológicos de folhas usados como diferenciadores de variedades botânicas. Os resultados da análise de variância de dados moleculares (AMOVA) indicaram uma variância total de 4,4518. O valor estimado da estatística Fst foi de 0,1967, significativo ao nível de 1% de probabilidade. Este valor indica que uma proporção altamente significativa da variância genética encontra-se entre subpopulações (19,67%). Desta, 18,73% correspondeu à contribuição da variação entre subpopulações dentro de regiões e apenas 0,94% à variação entre regiões, o que resultou em uma diferença não significativa para esta última fonte de variação. Como esperado, a maior parte da variação (80,33%) concentrou-se dentro de subpopulações, sendo este percentual altamente significativo. Os resultados mostram uma diferenciação significativa entre subpopulaçães, mesmo em distâncias menores. Tal fato indica que o fluxo gênico não tem sido suficiente para contrabalançar os efeitos da deriva genética nestas subpopulações. Quando decomposta a fonte de variação dentro de subpopulações, a variabilidade dentro de cada subpopulação variou relativamente pouco (10,15% a 13,81%), mostrando uma certa similaridade entre estas quanto à manutenção da variabilidade genética. O dendrograma construído a partir das similaridades genéticas não mostrou um padrão de agrupamento coerente com as distâncias geográficas. Também não houve significância para a correlação matricial reforçando a indicação de que a variabilidade genética entre subpopulações, detectada com os ocos marcadores, possui uma distribuição geograficamente aleatória, na região amostrada. A AMOVA resultante dos dados de duas subpopulações que continham indivíduos representantes das variedades botânicas pubescens e gardinerii revelou que 90,70% da variabilidade genética se encontra dentro de variedades e 4,59% entre subpopulações. A variação entre variedades foi significativa ao nível de 5% de probabilidade e correspondeu a 4,71% da variação total. Os resultados permitiram concluir que um número relativamente pequeno de ocos marcadores RAPD é suficiente para estimar índices de dissimilaridades com suficiente precisão, com o nível de diversidade detectado. As subpopulações naturais de mangabeira estudadas no presente trabalho apresentam uma variabilidade genética altamente significativa entre si, indicando a necessidade de um grande número de áreas para conservação in situ ou para coleta de recursos genéticos. Não há estruturação espacial da variabilidade genética entre as subpopulações com os locos marcadores RAPD utilizados.