Francisco Solano de Araújo Matos - Tese
RESUMO: Avaliou-se efeito de práticas agrícolas sobre a comunidade microbiana do solo em agrossistemas de regiões dos cerrados, sob o sistema de semeadura direta, utilizando-se parâmetros microbiológicas. Avaliou-se, ainda a supressividade ao ataque de Rhizoctonia solani. Foram avaliados solos provenientes dos ecossistemas nativos: "Cerrado Aberto" (CeA), "Cerradão" (Cedão) e Mata (Mt); solos dos ecossistemas antropizados, submetidos ao plantio direto, com 6, 9 e 12 anos (PD6, PD9 e PD12) e submetidos ao plantio convencional, com mais de 30 anos de monocultivo de algodão (PC). As amostras de solos foram coletadas nos municípios de Rio Verde, Montividiu e Santa Helena de Goiás, no estado de Goiás, e analisadas em laboratório e casa de vegetação da unidade experimental da EMBRAPA Arroz e Feijão, em Santo Antônio de Goiás. Para as análises microbiológicas efetuaram-se três amostragens de solos durante o ano de 2001 (fevereiro, junho e outubro), em quatro pontos georeferenciados por ecossistema, e na camada de 0 a 10 cm de profundidade. Para o estudo da supressividade a R. solani efetuou-se uma amostragem, em janeiro de 2002, coletando-se em uni local pc-r ecossistema e na camada de 0 a 10 cm. A atividade microbiológica total foi estimada utilizando-se como parâmetro a quantidade de Diacetato de Fluoresceínas hidrolisada (FDA) pela comunidade microbiológica do solo. O carbono da biomassa microbiana (Cmic) foi utilizada como parâmetro da biomassa microbiana total. O Cmic foi estimado a partir do carbono evoluído de amostras de solo fumigados com clorofórmio. Para o estudo da supressividade ao ataque de R. solani utilizou-se como parâmetro a severidade de sintomas do patógeno em plântulas de feijão e algodão, inoculados como densidades crescentes do inoculo. Para a leitura de sintomas utilizou-se uma escala de notas de 1 a 9, onde a nota 1 indica ausência de sintomas e a nota 9 indica severidade máxima de lesões radiculares. Os ecossistemas naturais apresentaram maior atividade microbiológica total (ugFDA g-1min-1), com valores entre: 17,2 e 16,2, seguida dos agrossistemas PD12, PD9, PD6, PD3 (14,7; 14,5; 13,3; 11,3) e PC (11,0). O PD12 e PD9 superaram significativamente o PD3 e PC, estabelecendo-se uma relação funcional linear entre a quantidade de FDA hidrolisada (Y) e o tempo de adoção (X) do sistema de PD, explicado pela equação Y= 10,85 + 0,35X, com coeficiente de determinação (R2) de 0,9368. Os níveis de Cmic foram maiores na estação chuvosa, obtendo-se os valores de 793, 661, 610, 552, 484, 341, 316 e 290 µg C.g-1 solo seco, para Mt, PD12, CeAb, PD9, Cedão, PD6, PD3 e PC, respectivamente. PD12 e PD9 não diferiram estatisticamente dos ecossistemas nativos, considerados padrões de alta qualidade. Houve efeito significativo dos anos de PD (X) sobre o Cmic (µg C . g-1 solo) (Y1) e sobre a Taxa de Respiração Específica da Biomassa Microbiana (µg C-C02. g-1 Cmic.dia-1) (Y2) com índices de correlação lineares de +0.721 (X,Y1) e -0.544 (X,Y2) e equações funcionais: Y1 -0.426 + 0.035X e Y2= 8.44 - 0.455X. A matéria orgânica, pH e os teores de cálcio e magnésio apresentaram correlações significativas com o Cmic, tanto nos agrossistemas quanto nos ecossistemas nativos, excetuando-se o pH, que não se correlacionou com o Cmic nos agrossistemas. A densidade do inoculo afetou a intensidade dos sintomas de Rhizoctonia solani. Aumentos nas quantidades do inoculo propiciaram aumentos correspondentes na intensidade dos sintomas. A aplicação de 16g do inoculo, no feijão, aumentou a severidade das lesões radiculares em relação às doses O e 4g. No algodão, as doses de 30 e 60g alteraram significativamente os parâmetros avaliados. Obteve-se aumentos nos índices de severidade das lesões radiculares e diminuição dos índices populacionais, indicando aumentos progressivos na intensidade dos sintomas com os aumento nas doses do inóculo. Em relação aos efeitos dos solos, obteve-se comportamento diferenciado quanto à supressividade das plantes teste. No algodão não houveram efeitos do solo testados e de sua interação com as e doses. Obtiveram-se índices semelhantes, entre os solos do PD6, PD9, PD12 e PC, cujos valores percentuais médios variaram entre 50 e 60% da severidade máxima das lesões radiculares. No feijão, houveram efeitos dos solos e de sua interação com as doses. Os solos do Mt, com índices variando entre 11 e 15% de severidade máxima das lesões radiculares, apresentaram efeito supressivo superiores, independentemente da dose inoculada. Solos do CeA e PC, com cerca de 11%, e do PD12, com 19% de severidade, apresentaram supressividade nas doses de 4 e 16 g de inoculo, respectivamente. |