Sivani Rodrigues Chaves - Dissertação

RESUMO: Muitas frutíferas do Cerrado brasileiro merecem destaque por suas qualidades nutricionais e potencialidade econômica. Dentre elas, o piquizeiro (Caryocar brasiliense Camb.) é uma das frutíferas mais importantes, principalmente na região Centro-Oeste do país. O estudo da variabilidade e da estruturação genética de populações naturais de piquizeiro, através de marcadores moleculares, fornecerá subsídios para futuros programas de domesticação e melhoramento genético da espécie. Para esse estudo, foram coletadas folhas jovens de 30 indivíduos em cada uma das onze áreas mais representativas da produção de piqui no estado de Goiás: Morrinhos, Hidrolândia, Orizona, Mambaí, Damianópolis, Alvorada do Norte, Mutunópolis, Estrela do Norte, Santa Tereza de Goiás, Araguapaz, Iporá e Paraúna. A extração de DNA foi obtida de acordo com protocolo CTAB (Ferreira & Grattapaglia, 1998) com modificações. As amostras foram submetidas a análise genética, utilizando oito marcadores microssatélites desenvolvidos por Collevatti et al., (1999). Os dados foram obtidos através da amplificação dos microssatélites via PCR e posterior eletroforese em géis desnaturantes de poliacrilamida a 6% corados com nitrato de prata. Foram obtidas as estimativas das freqüências alélicas de cada loco, as estatísticas F de Wright e a distância genética de Nei. Nesse estudo, todos os locos avaliados apresentaram alto polimorfismo com média de 28 alelos por loco. A heterozigosidade observada média (H_o) foi de 0,63, inferior a heterozigosidade esperada média (H_e) de 0,89 evidenciando a carência de heterozigotos em todas as populações. Com os valores de (F_IS = 0,2959), (F_IT = 0,3414) e (F_ST = 0,0644) é possível verificar que 6,44% da variabilidade apresentada se encontra entre e 93,56% está estruturada dentro das populações. Pelo valor observado de F_IS = 0,2959 podemos concluir que grande parte da endogamia total (F_IT = 0,3414) é devida ao sistema reprodutivo e uma pequena parte à subdivisão (F_ST = 0,0644). Pode-se evidenciar pela taxa de cruzamento aparente que a espécie é de cruzamento misto com tendência à alogamia (t_a = 0,55801). Pela estruturação genética visualizada pelo dendrograma observamos que as populações de Santa Tereza de Goiás e Hidrolândia são as populações mais divergentes do conjunto de onze populações de C. brasiliense utilizadas para esse estudo, com distâncias de 1,02 e 1,14. Alvorada do Norte e Araguapaz são as mais semelhantes com uma distância de 0,64. Estes dados evidenciam a presença do sistema reprodutivo, misto, e de forças evolutivas, como a deriva genética, atuando nessas populações.