Cristiane R.B.A. Ramos - Tese


RESUMO Micotoxinas são conceituadas como metabólitos fúngicos tóxicos quando consumidos pelos animais e pelo homem, contaminando grande parte dos produtos agrícolas e alimentos produzidos no mundo, provocando sérios danos às lavouras, à produção de alimentos e à saúde humana e animal.  No Brasil, assim como em outras regiões do mundo, a grande motivação para as pesquisas em micotoxicologia se prende ao fato de que a contaminação fúngica e a produção de substâncias tóxicas são responsáveis por grandes prejuízos na agropecuária, tanto por alterarem a qualidade dos grãos quanto pela contaminação por micotoxinas.  O presente trabalho teve por objetivos avaliar a presença de aflatoxinas e fumonisinas em amostras de milho provenientes de três locais do estado de Goiás, sendo a determinação feita por cromatografia líquida de alta eficiência(HPLC), correlacionando estes dados com as condições climáticas da região e com a presença de fungos e grãos ardidos nas referidas amostras.  Foi feita também a comparação em termos técnicos e econômicos de dois métodos utilizados para análise de aflatoxinas.  Numa primeira etapa avaliou-se a quantidade de grãos ardidos nas amostras de milho e foi feita a patologia desses grãos para presença de fungos.  Foram analisados doze híbridos (DAS766, DAS657, 30K75, 30F44, 30P70, 30F33, AG7000, DKB350, AG1051,Strike, Speed e Fort) provenientes de três locais do estado de Goiás, sendo eles Goiânia, Jataí e Montividiu.  Foi efetuada a análise estatística e verificado que no município de Goiânia houve uma menor ocorrência de grãos ardidos, havendo diferença entre os híbridos e que esses híbridos se comportaram diferentemente em cada local cultivado.  No município de Goiânia os híbridos que apresentaram uma maior ocorrência de grãos ardidos foram AG 1051 (5,4%) e AG 7000 (5,1%) e os de menor ocorrência 30P70 (1,1%), DAS 657 (1,1%), 30F44 (1,4%) e STRIKE (1,8%).  Em Jataí o híbrido que apresentou uma maior ocorrência de grãos ardidos foi o SPEED (9,4%) e o de menor ocorrência foi o 30P70 (4,6%).  No município de Montividiu o híbrido que apresentou uma maior ocorrência de grãos ardidos foi o AG 1051 (7,2%) e o de menor ocorrência foi o 30F44 (3,9%).  Procedeu-se a análise patológica das sementes provenientes dos ensaios sendo realizado o teste de “Blotter”.  Após 15 dias as sementes foram examinadas uma a uma, sob microscópio esteroscópio e realizada a identificação e quantificação dos fungos existentes.  A identificação foi baseada na estrutura reprodutiva do fungo.  Todas as amostras apresentaram o fungo Fusarium spp. e Aspergillus spp. Estava presente em todas as amostras provenientes do município de Jataí, sendo que a porcentagem de grãos infectados variou de 1,6 a 34,6%.  Em Goiânia, 41,7% das amostras continham Aspergillus spp., variando entre 0,25 a 0,88% e em Montividiu, apenas uma amostra apresentou o fungo, com infecção de 0,18%.  Quanto a presença de fumonisinas, todos as amostras analisadas mostraram contaminação por fumonisinas B1(FB1) e B2(FB2) variando de 0,36 a 19,67 µg/g e de 0,24 a 7,1 µg/g respectivamente.  O local onde houve maior presença de fumonisinas foi o município de Montividiu, seguido por Jataí e onde houve menor contaminação foi no município de Goiânia.  Não houve correlação entre a presença de Fusarium sp. na amostra e a presença de fumonisinas.  Os híbridos se comportaram diferentemente em cada local, no município de Montividiu e Jataí o híbrido AG1051 foi o que apresentou maior contaminação; já em Goiânia vários híbridos se igualaram, sendo que o híbrido AG1051 ficou na média dos híbridos.  Foi realizada análise da presença de aflatoxinas B1(AFB1), B2(AFB2), G1(AFG1) e G2(AFG2).  Em nenhuma amostra detectou-se a presença de AFG1.  Quanto as demais aflatoxinas os valores variaram amplamente, ficando entre não detectadas (nd) a 277,8 µg/kg AFB1, 0,7 a 14 µg/kg AFB2 e nd a 34,1 µg/kg AFG2.  O local onde houve maior contaminação por aflatoxinas foi no município de Jataí, seguido por Goiânia e Montividiu, onde a contaminação foi mais baixa que nos demais locais.  Com relação aos híbridos analisados estes se comportaram diferentemente em cada local, sendo que em Montividiu e Jataí o híbrido mais contaminado por aflatoxinas foi o DAS766 e em Goiânia foi o DAS657, e em Montividiu o híbrido Strike se igualou ao DAS766.