Edward Madureira Brasil - Dissertação

RESUMO:    Dados provenientes de ensaios de avaliação de cultivares de milho normal conduzidos pela Empresa Goiana de  Pesquisa Agropecuária, em diversas localidades dos Estados de Goiás e Tocantins, no período de 1981/82 a 1985/1986, foram utilizados para a comparação de metodologias de zoneamento ecológico e de estudo de estabilidade de cultivares. Os resultados obtidos a partir da aplicação dessas metodologias nos diferentes anos foram confrontados com a finalidade de verificar a consistência das mesmas. Para o zoneamento ecológico foi utilizada a metodologia proposta por HORNER e FREY (1957) e a metodologia de classificação numérica apresentada por ABOU-EL-FITOUH et al. (1969). Além destas, utilizou-se uma modificação no primeiro método, através da participação da interação pela fórmula de ROBERTSON (1959). Para a metodologia de classificação numérica, algumas modificações foram sugeridas para o nível de corte do dendrograma representativo da aglomeração de locais. Os resultados mostraram que a falta de correlação entre as médias dos cultivares nos diferentes locais representou a maior parte da interação. Os padrões de agrupamento de locais pelas diferentes metodologias aplicadas a um mesmo ano agrícola foram bastante semelhantes, diferindo basicamente quanto ao número de locais agrupados em cada região. O número de locais agrupados foi sempre maior nos métodos que utilizaram a classificação numérica. A utilização de um corte no dendrograma, baseada na proporção da soma dos quadrados da interação dentro de regiões em relação à soma de quadrados total, alternativamente à significância dessa interação, mostrou ser vantajosa em algumas situações. Verificou-se uma inconsistência nos resultados das regionalizações, ao longo dos anos. Além disso, o ganho em precisão com a recomendação particularizada em relação a uma recomendação generalizada ficou em torno de apenas 7,5%, o que torna a regionalização pouco efetiva, para fins de recomendação. A estabilidade de cultivares foi estudada pelas metodologias de regressão linear de EBERHART e RUSSELL (1966) e linear segmentada de SILVA e BARRETO (1985) modificada. Além destas foi avaliada uma metodologia pela qual os dados são adaptados a um modelo quadrático de resposta aos índices ambientais. As três metodologias se eqüivaleram no que se refere à explicação da variação observada; entretanto, para casos particulares, os modelos linear segmentado e quadrático proporcionaram uma redução sensível no coeficiente de não-determinação em relação ao modelo linear. Os cultivares selecionados pelo modelo de regressão linear segmentada coincidiram com aqueles selecionados através do modelo quadrático. O modelo de regressão linear mostrou-se menos informativo por não medir, diferencialmente, a resposta de cultivares a níveis de ambiente. O modelo de regressão quadrática mede esta resposta dos cultivares de maneira contínua, não se fazendo necessário o arbitramento de um ponto de separação entre os ambientes, o que o torna superior ao método de regressão linear segmentada, neste aspecto. Além disso o modelo quadrático utiliza todos os ambientes na estimação dos diferentes parâmetros. Verificou-se uma inconsistência nas estimativas dos parâmetros de estabilidade, em comparação com a produtividade média, no decorrer dos anos. Em virtude da inconsistência constatada tanto nos resultados de zoneamento ecológico como na repetibilidade dos parâmetros de estabilidade de cultivares ao longo dos anos, algumas alternativas são sugeridas para melhor adequar o estudo das interações de genótipos com ambientes às nossas condições.