Anísio Corrêa da Rocha - Dissertação


RESUMO: O arroz (Oryza satíva L.) é cultivado em uma grande diversidade de ambientes, incluindo tanto terrenos completamente inundados como terras altas, nas quais a planta depende exclusivamente de água proveniente da chuva. Por se tratar do alimento de maior consumo mundial deve-se buscar meios para atender a demanda de uma população crescente. O possível incremento de áreas de arroz irrigado por inundação, tem potencial limitado pela escassez de terras apropriadas para esse fim, O sistema de cultivo alternativo para atender a demanda é o arroz de sequeiro, o qual apresenta grande estabilidade de produção. Neste sistema, dentre os fatores que mais prejudicam a produtividade, destaca-se a deficiência hídrica durante o período em que o arroz é cultivado, sobretudo na fase reprodutiva. Este trabalho teve como objetivo o estudo das características radiculares de 15 variedades de arroz e a correlação destas com a produtividade e seus componentes, obtidos em experimentos com e sem estresse hídrico. Foram realizados dois experimentos em tubos de PVC e dois em condições de campo. No primeiro experimento, 15 variedades foram estudadas em nove estratos de profundidade para determinar a densidade radicular, o peso da matéria seca das raízes e a estimativa do diâmetro das raízes para obter a razão do peso da matéria seca das raízes com o peso da matéria seca da parte aérea. Com base nos resultados obtidos foram colhidas seis variedades para serem utilizadas no segundo experimento. Os dados obtidos nos dois experimentos em tubos de PVC foram submetidos à análise de variância e comparados pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Observou-se a superioridade das variedades de ciclo médio em relação às variedades de ciclo curto, principalmente para densidade e peso da matéria seca das raízes. Entretanto, a variedade IAC 164, de ciclo curto, destacou-se em relação à variedade Cristal, de ciclo médio, no primeiro experimento e foi superior para densidade e peso da matéria seca das raízes, juntamente com a variedade Moroberekan, no segundo experimento. O coeficiente de variação genética foi empregado para determinar a proporção da variação fenotípica total nos tratamentos dentro dos estratos de profundidade que foi de natureza genética. O peso da matéria seca de raízes apresentou o maior coeficiente de variação genética dentre as quatro características estudadas, seguido pela densidade radicular, razão do peso da matéria seca das raízes pelo peso da matéria seca da parte aérea e estimativa do diâmetro. Foi realizado um estudo de regressão para identificar o modelo que melhor explicasse a distribuição das raízes no perfil do tubo e o crescimento radicular em função do tempo. Foi proposto um critério para a escolha de variedades, com base nos resultados da análise de regressão linear, sendo consideradas superiores aquelas que apresentaram um valor de intersecção alto e um coeficiente de inclinação da reta próximo de zero. As variedades IAC 164 e Canela de Ferro possuem valores de a e/ou b que preenchem os requisitos da seleção pela regressão linear. No terceiro e quarto experimentos realizados no campo, foram testadas 12 das 15 variedades incluídas no primeiro experimento, sendo que os dados foram correlacionados com o primeiro experimento realizado em tubos de PVC. O rendimento de grãos obtidos no experimento em condições de estresse hídrico se correlacionou com a densidade radicular, indicando que a mesma foi importante para garantir a produção das variedades em condições de estresse hídrico. As principais conclusões foram: a) o peso da matéria seca das raízes, a densidade radicular e a razão entre o peso da matéria seca das raízes e da parte aérea são as características que apresentaram o maior potencial de ganho em seleção; b) a seleção para caracteres radiculares será mais eficiente se executada tardiamente (floração), principalmente para densidade e para o peso da matéria seca das raízes; c) a IAC 164 apresenta-se promissora como progenitor, pois possui uma boa densidade radicular e um bom peso da matéria seca das raízes, apresentando ainda um ciclo curto, o que possibilita o escape à seca.