Edvaldo Evangelista de Souza Júnior - Tese

RESUMO: O pequizeiro é uma espécie frutífera nativa da região dos Cerrados pertencente à família Caryocaceae que desponta como o maior potencial das espécies frutíferas da região para exploração agrícola e sócio-econômica. O mercado existe e já é explorado de maneira artesanal por pequenas e médias indústrias. Entretanto, o aproveitamento tem sido extrativista e depredatório. O desenvolvimento de pesquisas relativas à organização da variabilidade ou da estrutura genética em populações naturais de plantas tem estimulado grandes avanços no conhecimento relativo aos processos microevolutivos. É relevante enfatizar que as fronteiras agrícolas antes delimitadas pelas barreiras naturais são vencidas paulatinamente em detrimento da perda genética das populações naturais. O esclarecimento do fenômeno da vicariância, sobre espécies arbóreas, pode ajudar nas estratégias de conservação das espécies nativas, pelo melhor conhecimento da variabilidade genética. O Caryocar villosum (Aubl.) Pers. (pequi da mata) e C. brasiliense Camb. (pequi do Cerrado) formam um par vicariante. As duas espécies estão presentes no estado de Goiás. Regionalmente, apresentam distribuição agregada, em manchas bem definidas o que pode indicar a existência, de uma organização subpopulacional. Este estudo teve como finalidade avaliar e caracterizar molecularmente com marcadores SSR as espécies C. villosum (Aubl.) Pers. (pequi da mata) e C. brasiliense Camb. (pequi do Cerrado), destacando sua variabilidade genética, estrutura populacional e fluxo gênico. Como objetivo principal deste estudo, procuramos explorar o fenômeno da vicariância a que elas se submetem. Nesse estudo foram usados cinco locos de SSRs (Simple sequence repetitive), em 3 populações de cada espécie, com no mínimo 31 indivíduos por população, no total de 206 indivíduos. Os cinco locos polimórficos permitiram obter estimativas de parâmetros populacionais para C. villosum e C. brasiliense respectivamente, como a heterozigosidade média esperada (He=0,878 e 0,873), a diversidade entre populações (FST= -0,0042 e -0,0027) e o fluxo gênico (Nm= 22 e 20). Conclui-se que é possível separar as duas espécies embora a diferença seja pequena, sugerindo que estas espécies são bem semelhantes para os locos SSR analisados. A endogamia total da espécie (FIT) foi de 0,0501 e 0,0582, sendo esta  endogamia proveniente do sistema reprodutivo. Analisando o padrão espacial apresentado por estas populações através de distogramas aplicados a dados de SSRs e morfológicos, verificou-se que existe diferença entre as duas espécies e entre as populações coletadas para dados quantitativos. Essa diferenciação relativamente alta entre as populações, permite recomendar estratégia de amostragem para conservação da variabilidade genética, utilizando o maior número de subpopulações possível e geograficamente mais distantes, no mínimo de 6 a 12 km. A divergência genética entre as espécies estimada por dados genéticos de SSR está estruturada no espaço geográfico, entretanto parece ter acentuada interação dos genótipos com o ambiente.