Sarah Brandão Santa Cruz Barbosa - Tese
RESUMO: O cultivo in vitro é um procedimento significante na propagação de diferentes espécies e, sendo estas de importância econômica, a técnica tem aplicabilidade no processo de produção industrial. A micropropagação do abacaxizeiro ainda é considerada uma tecnologia de alto custo, devido às técnicas tradicionais de cultivo exigirem grande número de pequenos recipientes, uso de meio gelificado e divisão asséptica dos explantes, o que leva a uma intensa manipulação das culturas e conseqüente exigência em mão de obra. Somando-se a isto, plântulas micropropagadas requerem um período de aclimat4ção após a remoção do ambiente in vitro, o qual lhe permitirá adaptar-se às condições de cultivo no campo. Neste contexto realizou-se três estudos com o abacaxizeiro cv Pérola, relativos ao estabelecimento da cultura, multiplicação de brotos e anatomia foliar do material micropropagado. Avaliou-se o potencial regenerativo de gemas axilares de mudas do tipo filhote de abacaxizeiro, cv. Pérola, em meio liquido e gelificado, em presença e ausência de luz, estabelecidos, por 60 dias, em meio MS acrescido de ANA a 0,63 µM e BAP a 2,5 µM. Os tratamentos usados foram meio Liquido com e sem ponte de papel de filtro e meio gelificado com Agar e phytagel, em quatro repetições com cinco explantes/repetição. Diferentes volumes de meio liquido (10 mL; 5 mL e 2,5 mL) também foram avaliados, usando-se quatro repetições/volume de meio em quatro explantes/repetição. Maior número de brotos foi obtido em meio liquido sem ponte de papel de filtro, onde 80% dos explantes se diferenciaram em brotos e 20% ficaram intumescidos. Nos tratamentos cultivados em ausência de luz, 68,8% a 87,5% dos explantes não regeneraram brotos. Explantes cultivados em volumes de 2,5 ml. e 5,0 ml. de meio de cultura, em presença de luz, foram mais eficientes na indução e formação de brotos. O cultivo de gemas axilares de abacaxizeiro em volumes de 5,0 mL ou 2,5 mL de meio de cultura MS liquido, acrescido de ANA a 0,63 µM e BAP a 2,5 µM, em presença de luz. constitui um protocolo adequado para estabelecimento de gemas e regeneração de brotos e plântulas para utilização em fases subseqüentes de um sistema de micropropagação. Na avaliação de diferentes freqüências de imersão, em biorreatores, e diferentes volumes de meio, em imersão continua, na multiplicação e alongamento dos brotos usou-se hastes de plantas produzidas in vitro, apenas com a parte basal das folhas. Para a imersão temporária usou-se o delineamento experimental com três tratamentos (imersão a cada 2, 4 e 8 horas/3 minutos) em quatro repetições, para alongar e multiplicar brotos. Em todos os tratamentos usou-se o MS adicionado de ANA a 2,5 µM e BAP a 10 µM. O período de cultivo foi de 120 dias. A imersão continua ocorreu em quatro tratamentos (50 mL, 100 mL, 200 mL e 300 mL/frasco) com três repetições. O meio de cultura e o período de cultivo foram os mesmos usados para imersão temporária. Os brotos foram alongados em 100 ml de meio MS sem reguladores de crescimento, por 60 dias, em ambas as condições de cultivo. Imersão a cada quatro ou oito horas proporciona maior taxa de crescimento, em relação à imersão a cada duas horas. O período de cultivo e o intervalo de tempo para renovação do meio de cultura na fase de multiplicação e o volume de meio/recipiente/explante no alongamento dos brotos, são parâmetros que requerem melhor avaliação no sistema de imersão temporária. O cultivo em imersão contínua, em volume superior a 50 mL, é limitado pela hiperhidricidade. Para estudo anatômico das folhas in vitro usou-se plântulas com 3 g de peso médio, 10 cm de altura e 8 a 10 folhas. Em casa de vegetação as plantas apresentavam, em média, 50,2 g, 10 cm de altura e 13 a 17 folhas. A densidade estomática foi determinada, na face abaxial da epiderme, nas regiões basal, mediana e apical da folha, usando o delineamento fatorial de 2 x 3 (2 ambientes de cultivo e 3 regiões da folha), em 6 repetições. A espessura da lâmina foliar foi determinada na região do eixo central da folha, eixo-bordo e bordo. A espessura da hipoderme, tecidos aqüífero e clorofilado foram determinados na região mediana da folha, usando-se o delineamento inteiramente casualizado com 3 tratamentos e quatro repetições. A estrutura básica da folha do abacaxizeiro sob condições in vitro não se modificou, indicando plasticidade fenotípica. Freqüência estomática, espessamento da cutícula e paredes da epiderme, formato e sinuosidade das paredes das células do tecido aqüífero e presença de células papilosas são resultantes das condições ambientais de cultivo. |