Weber Neves Moreira Jr. - Tese


RESUMO: Os primeiros trabalhos visando a hibridação em milho originaram-se nos Estados Unidos no começo do último século e foram conduzidos por SHULL (1908) e EAST (1908), que delinearam teoricamente a composição de um campo de milho. O primeiro propôs um procedimento genérico para a obtenção de linhagens e posterior cruzamento que ainda hoje é utilizado. Dez anos após, JONES (1918) sugeriu o cruzamento de dois híbridos simples para facilitar a produção de sementes e a partir de então o uso do milho híbrido se desenvolveu aceleradamente. JENK1NS (1934) apresentou vários métodos para se fazer predição dos melhores híbridos o que permitiu um uso mais racional de linhagens na síntese de híbridos e SPRAGUE e TATUM (1942) utilizaram um esquema de cruzamento, depois denominado de dialelo, para definir os termos capacidade geral de combinação e capacidade específica de combinação. Este trabalho foi base para quase todos os métodos dialélicos, sendo os mais utilizados aqueles propostos por GRIFFING (1956) e GARDNER e EBERHART (1966). Os trabalhos destes pesquisadores pioneiros contribuíram para a divulgação e o estabelecimento de programas de melhoramento cada vez mais eficientes. Contudo os resultados atingidos pelos pesquisadores para aumentar a demanda de alimentos somente com observações visuais e conhecimentos empíricos encontram-se próximos ao limite da necessidade humana. O melhoramento não mais pode ser feito como uma arte e deve agregar cada vez mais os conhecimentos científicos, uma vez que novas tecnologias são lançadas a cada dia e se requer um maior volume de alimentos para a crescente população humana. No intuito de se obterem híbridos cada vez mais produtivos, o conhecimento do material genético é fundamental para se direcionarem os cruzamentos e serve de orientação na elaboração de projetos para a síntese das populações iniciais que darão origem a novas linhagens. Uma ferramenta no melhoramento que pode contribuir para os ganhos genéticos de forma mais eficiente e rápida é o uso da tecnologia de marcadores moleculares. Esta técnica tem sido efetiva na identificação e mapeamento de QTL’s em diversos tipos de plantas, na seleção assistida, na elaboração de mapas genéticos, na identificação de híbridos simples heteróticos e na introgressão de genes de interesse, entre outros usos. Por outro lado, os caracteres de maior importância são controlados por muitos locos embora haja indicações de que alguns poucos genes tenham maiores efeitos no desempenho final. De qualquer maneira seria cada vez mais difícil acumular os genes favoráveis em determinada linhagem, se as linhagens a serem combinadas diferirem em um grande número de locos. Sabe-se que a heterose é função da divergência de freqüências alélicas dos genitores e do efeito de dominância gênica. A heterose que se manifesta na geração F1 é uma medida indireta da divergência genética apenas para aqueles caracteres que exibem algum grau de dominância. A variabilidade genética na geração F2 é proporcional à divergência dos pais, independentemente da manifestação da heterose. A hipótese que se postulou é de que as variâncias genéticas nas plantas F2 forneceriam informações mais completas para se inferir sobre a diversidade genética das linhagens parentais quando comparado com os parâmetros genéticos fornecidos pelos híbridos simples F1 provenientes do dialelo. Outra suposição é de que seria possível inferir sobre a diversidade genética nos F2 a partir das distâncias genéticas calculadas a partir dos dados obtidos por marcadores moleculares e que estes poderiam ser utilizados para agrupamentos de padrões heteróticos e escolha de genitores para a formação de híbridos superiores. Este trabalho teve por objetivos: Relacionar a diversidade genética entre as linhagens genitoras, medida pelos marcadores moleculares, com a produtividade média (kg/ha), com a heterose total e com a heterose específica dos híbridos F1 do dialelo. Relacionar a diversidade genética entre as linhagens parentais, medida pelos marcadores moleculares, com a variabilidade genética dentro das populações F2 e com a depressão endogâmica de F1 para F2. Relacionar o agrupamento obtido a partir da similaridade genética, medida com o uso de marcadores moleculares, com o agrupamento obtido a partir da origem genealógica das linhagens. Identificar populações Fpotencialmente superiores para extração de linhagens. Estudar os segregantes transgressivos em F2 na detecção de complementação genética;